quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Jornalismo regional e cidadania

Por: Fabielly Duarte e Adilson Lira

O jornalismo regional representa a identidade local, é imprescindível no processo de construção histórica social regional, ao mesmo tempo em que reconhece seu público, depende dele para desenvolver suas produções. Na crescente tendência do jornalismo regional, as características que diferem as regiões deixam de ser anônimas. O mercado percebe que é importante agregar características regionais nos produtos para que as pessoas se identifiquem.

Nas discussões sobre regionalismo jornalístico, o grande ponto está nos limites de espaço geográfico, sendo o senso comum das culturas regionais. Esses limites são elementos que orientam as tendências, que por muito tempo foram desvalorizadas por estarem fora dos centros. Considerando essa realidade, vemos na imprensa regional a oportunidade de se constituir melhor relação entre a população e o espaço público, na medida em que há proximidade da decisão política, o espaço mediático e a vida quotidiana, anulando os efeitos indesejáveis da massificação.

Nos últimos anos, houve aumento de produções dedicadas a conferir visibilidade regional. De fato, não existe nenhum âmbito da experiência humana, sobretudo se enquadrada no vasto fenômeno da globalização, onde os media não se tenham tornado parte constitutiva das relações interpessoais e dos processos sociais, econômicos, políticos e religiosos. Porém, no âmbito regional, percebe-se que a sociedade pós-moderna pede maior foco nos pontos de seu interesse, o jornalismo não pode se limitar apenas a um show de notícias, deve haver o compromisso com o serviço dirigido à população. Além disso, temos mais intimidade com o espectador, os personagens e a interação com as esferas de forma mais rápida, assim, assumem compromisso com seus respectivos públicos, visando obter credibilidade e identidade.

O jornalismo contribuiu para a rotinização da própria dinâmica social, estabilizando-a em acontecimentos - comportamentos previsíveis e irrupções controladas -, no regional há uma releitura adequando-se à dinâmica local. A linguagem jornalística também torna-se mais realista e prática, ao invés de ser, simplesmente, a linguagem do acontecimento puro. Essa forma de trabalhar o jornalismo exige um formato que relaciona normas e hábitos, já característicos do campo jornalístico, acrescido pela responsabilidade de cada jornal enquanto instituição social aberta às mais diversas vozes.

Uma ferramenta importante no processo de produção jornalística local é a interatividade, facilitando o processo de seleção e produção do material jornalístico, respeitando ao produto informativo, defendendo claramente que os contributos para uma formação da opinião pública esclarecida impõem algumas condições susceptíveis de serem fundadas, apenas numa perspectiva normativa. Nesse processo o jornalismo vem ganhando grandes aliados, como a internet e TV paga.

Dentro do jornalismo regional, o grande desafio é obter informações completas e confirmadas sobre a matéria noticiável; a obrigação de proporcionar ao leitor informação adequada ao exercício esclarecido da cidadania; a rejeição do sensacionalismo que explora a emoção alheia; suscitar a participação cívica em detrimento dos consumismo passivo praticado pela pura informação “espetáculo” -infelizmente este modelo está ganhando a mídia nacional. Será sempre através da consciência crítica e deontológica que passam as condições necessárias para que o jornalismo pratique cidadania. Por isso, para nós, formadores de opinião ou não, fica a responsabilidade de exigir o rigor, a declaração dos compromissos editoriais em tempo de debates públicos, a insistência numa análise distanciada, que não deve ser confundida com a objetividade cega (nada há de mais enganador do que o mito da notícia como espelho da realidade). Isto indica que devemos refletir, de uma forma mais vasta sobre algumas ações éticas, susceptíveis de serem traduzidas de uma nova filosofia de serviço público, do qual todos tem direito.

Todo processo de regionalização pode constituir uma forma de exercício da racionalidade, que vinha sendo banida dos media de massa. A identidade de regiões comporta a necessidade de mecanismos de produção simbólica que contemplem o reforço do sentimento a que pertença. Para isso os processos de modificação social, político, cultural deve ser acompanhado e incorporado pelos veículos de comunicação.

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